1- Destino: Inglaterra.

- Vivian! – Louiz Dumilin me chamou.
Continuei ignorando ele, apressei o passo.
- Ei! Me escuta! – Ele pegou meu braço.
Me virei e o fuzilei com dificuldade por conta da chuva.
- Eu só queria saber como você está – ele murmurou.
Ergui as sobrancelhas em sarcasmo.
- Não faz assim – ele chegou mais perto.
Andei pra trás.
- Não vai responder? – ele perguntou.
Revirei os olhos, não era obvio?
- Estou cansada de você. Volte para sua coleira e me deixe em paz – falei calmamente e me virei.
- Coleira? Ei, eu posso levar isso a sério – ele falou brincando.
Me virei.
- Me esquece – sorri.
E continuei correndo.
Louiz era meu... Ex-quase-namorado. Sim, porque ele me traiu com a minha melhor amiga, Maggie. E em seguida me trocou por tal de Nicole. E ela decidiu tirar o meu melhor amigo de mim, e ele simplesmente aceitou. Isso porque um dia jurou me amar. E não, eu não sou rancorosa.
Cheguei a casa e ouvi minha mãe gritando.
- Vivian! Teu pai ligou de novo... – E eu entrei no automático.
Meus pais se separaram quando eu tinha três anos de idade e até um tempo atrás eles ainda se davam, razoavelmente, bem. Até meu aniversário de quatorze anos. Eles tiveram uma briga muito feia no dia do meu aniversário, e agora se odiavam.
- Vivian? Está me ouvindo? – berrou minha mãe.
- Eu vou pro meu quarto – murmurei subindo as escadas.
- O quê? Olhe, aqui, mocinha! – ela berrou e eu ignorei de novo.
Me joguei na cama piscando para as lagrimas não caírem, cravei minhas unhas em meu braço esquerdo.
- Eu sou forte – murmurei pra mim mesma. - Eu não choro.
Meu celular vibrou.
Era uma mensagem do Louiz, ignorei e levantei, andando pelo quarto. Abri a janela com força, deixando o vendo forte entrar.
Meu celular tocou.
Bufei.
Mas dessa vez era meu pai.
- Oi. – isso soou meio rouco. – Alô? – tentei de novo.
- Vivian, eu tentei te ligar. Mas a cobra da sua mãe atendeu – e ele continuou a falar.
- Pai – forcei. – Aquele cartão de créditos ainda está de pé? - Perguntei tendo uma idéia.
- Sim, o que houve? – ele perguntou.
- Eu vou viajar. Pra Paris... – comecei.
- Não, não – ele interrompeu.
- Rússia? – tentei.
Ele praguejou.
- Endoidou? O Alaska não está bom? – perguntou.
- Sim, mas se eu quero férias, eu não iria passar aqui – resmunguei.
Ele ficou quieto.
- Olha, eu vou pra Inglaterra, fazer um curso. Algo do gênero. Não vai ser perda de tempo – falei.
- Eu já te disse que você é adulta suficiente pra decidir o que você quer. Eu não te obrigo a nada – ele falou. E eu sorri. Tão diferente da minha mãe...
Suspirei.
- Eu quero isso, pai. Eu preciso – minha voz falhou.
- É a sua mãe? – ele chutou.
- Não, são tantas coisas – pausei. - Eu quero sair daqui
- Tudo bem. Eu falo com a tia Nádia. Ela vê as coisas que você vai precisar.
- Obrigado, pai – falei sinceramente.
Desligamos depois disso.
Suspirei e comecei a fazer minhas malas.
*************
- Eu estou te sufocando? – perguntou minha mãe incrédula.
- Não, mãe. Você sabe como é pra eu ficar aqui depois do... – Deixei minha voz morrer. Claro que não era por ele, quer dizer, ele também fazia parte do motivo. Grande parte. Mas isso não vem ao caso, tudo isso estava me sufocando.
Ela me olhou. E eu conhecia aquele olhar.
Eu a abracei rapidamente.
- Eu te amo, mãe. – Sussurrei.
- Eu também te amo. E qualquer coisa me liga eu vou te buscar na hora – e começou a tagarelar sobre blusas de frio, cuidados, e blá-blá-blá.
Sorri.
- Vovó está mais perto – murmurei.
- Tem certeza que não quer ficar que casa dela? – mamãe falou.
- Não. Eu não vou fazer um curso no sítio da vovó. – murmurei.
Ela revirou os olhos.
- Como se esse fosse o motivo – falou sarcasticamente.
Fechei a cara.
E a ultima chamada para o vôo soou nos alto-falantes.
- Você vai ficar bem? – perguntei e ela revirou os olhos.
- Eu sou durona – ela falou e me abraçou de novo. Eu já sabia disso. – E você puxou isso de mim.
- Eu não puxei você – falei rindo. – Você grita, é autoritária, gosta das coisas do teu jeito, gosta de mandar nos outros, é sarcástica, irritante, insuportável e... Oh, bem, eu acho que puxei você.
Ela riu.
- Se cuida.
- Eu sou durona – imitei ela. – Tchau, mãe.
- Tchau, filha.
E passei pelo detector de metais.
- Só continue andando, Vivi. – murmurei pra mim mesma
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